A Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL), neste momento a única instituição pública de ensino superior deste
país, objetiva contratar em regime temporário, para o ano letivo de 2012, docentes oriundos de outros países lusófonos.
Por meio dos recursos do Fundo soberano para o Desenvolvimento do Capital Humano de Timor-Leste, oferece remunerar cada docente com US$ 3.500 dólares por mês, pelo período de 10 meses, de fevereiro a novembro, com recesso em julho. Também assumiria passagens de ida e volta.
Como requisitos mínimos, exige o título de mestre e a disposição de lecionar 3 disciplinas por semana, por dois semestres, a alunos de Bacharelato/Licenciatura.
A UNTL está firmando parcerias institucionais no Brasil para consolidar o processo de seleção e preparação desses quadros. Não obstante, de modo a divulgar a demanda, desde já torna públicas as áreas em que entende haver maiores carências:
- Na Faculdade de Ciências Sociais, cadeiras de introdução (1º ano) às
seguintes disciplinas:
Administração Pública
Ciências Governamentais
Desenvolvimento Comunitário/Serviço Social
Políticas Públicas
- Na Faculdade de Ciências Sociais, cadeiras de introdução (1º ano) às
seguintes disciplinas:
Gestão
Estudos do Desenvolvimento
Comércio e Turismo
Interessados podem contactar Francisco Figueiredo de Souza, diplomata da Embaixada do Brasil em Timor Leste , pelo e-mail: frasouza@gmail.com
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Professores para o Timor-Leste
domingo, 28 de agosto de 2011
Revista Brasileira de Saúde Ocupacional - RBSO CHAMADA DE ARTIGOS!
RBSO convida a comunidade técnico-científica a submeter artigos para o tema:
“Atenção integral em Saúde do Trabalhador: desafios e perspectivas de uma política pública”
Nas últimas décadas, várias iniciativas da sociedade brasileira vêm procurando consolidar avanços nas políticas públicas de atenção integral em Saúde do Trabalhador que incluem ações envolvendo assistência, promoção, vigilância e prevenção dos agravos relacionados ao trabalho. No entanto, são grandes os obstáculos à consolidação de programas e ações que poderiam contribuir de forma mais efetiva para a melhoria dos indicadores nacionais, que ainda apontam o país em situação crítica quando comparado com nações socialmente mais desenvolvidas.
No ano de 2009, conforme dados da Previdência, de um total de 740.657 acidentes liquidados pelo Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS (http://www.mpas.gov.br/arquivos/office/3_101013-150048-095.xls), 2.496 trabalhadores morreram devido a acidentes do trabalho e 13.047 foram afastados por incapacidade permanente. Sabe-se, no entanto, que tais dados representam apenas uma pequena parte do total dos acidentes efetivamente ocorridos, por excluírem agravos não registrados pelas empresas e também aqueles sofridos por trabalhadores do setor informal. Além da reconhecida subnotificação, assiste-se ao aumento dos agravos e ao surgimento de novo perfil de morbidade (em especial LER/DORT e problemas de saúde mental) decorrentes da reestruturação da economia e da produção.
Saúde do Trabalhador (ST) é um campo interdisciplinar e pluri-institucional que entende o trabalho como um dos principais determinantes sociais da saúde. Este entendimento, no entanto, não tem balizado o estabelecimento de políticas públicas, como pode ser observado, por exemplo, no que se refere à desconsideração deste aspecto pelas políticas de crescimento e aceleração da economia do país.
O desenvolvimento do campo ST nos últimos 25 anos se caracterizou por situação paradoxal, corroborada pela ausência de uma Política Nacional de Saúde do Trabalhador que proponha e permita: o crescimento do número de serviços e sua melhoria, na medida em que, de modo geral, funcionam com graves problemas estruturais (recursos, profissionais, salários, aparato legal, dentre outros fatores); o fomento e o incentivo ao desenvolvimento de serviços articulados intra-intersetorialmente, inovadores, com experiências exitosas e ação bastante efetiva, que demonstram a importância da ação pública no campo.
Como se explica, então, a efetividade dos “serviços” que produzem, de fato, ações de Saúde do Trabalhador? Quais fatores favoráveis podem ser apropriados por outros serviços? Como influenciar o desenho e a implementação de políticas no campo? Quais desafios estão colocados aos serviços de ST nas ações de assistência, vigilância/prevenção, reabilitação e promoção?
A RBSO e o Grupo de Trabalho (GT) Saúde do Trabalhador da ABRASCO propõem este debate com o propósito de contribuir para a discussão, o entendimento, a implementação e o avanço de uma das mais relevantes políticas públicas a serem efetivamente implantadas no país. Para esta finalidade, espera-se a submissão de artigos oriundos de pesquisas originais, textos de revisão, ensaios e relatos de experiência.
Os trabalhos deverão ser elaborados de acordo com as normas da RBSO, que podem ser acessadas no endereço eletrônicowww.fundacentro.gov.br/rbso.
Deverão também apresentar na primeira página a indicação:
Dossiê Temático: “Atenção Integral em Saúde do Trabalhador: desafios e perspectivas de uma política pública”
Prazo para submissão dos artigos: 30/11/2011
Os trabalhos deverão ser encaminhados para:
rbso@fundacentro.gov.br com cópia para rbsofundacentro@gmail.com
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Resolução incentiva protagonismo infantojuvenil
Normativo do Conanda concretiza maior participação de crianças e adolescentes na luta pela garantia de seus direitos | |
A participação infantojuvenil na defesa pelos seus direitos ganhou mais força. No começo de agosto, foi publicada a Resolução nº 149 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). Segundo o documento, mais crianças e adolescentes devem participar das comissões de organização de todas as etapas (municipais/distrital e estaduais) da IX Conferência dos Direitos da Criança e do Adolescente, que acontecerá em julho de 2012. |
De acordo com a resolução, os Conselhos dos Direitos serão os responsáveis por garantir essa participação. E uma regra deve ser respeitada: a proporção de uma criança ou adolescente para cada dupla de adultos. “Essa proporção foi decidida para manter a mesma proporção da comissão de organização da VIII Conferência Nacional, que contou com cinco adolescentes, um representando cada região do país, e dez adultos”, afirma Alexandre Cruz, conselheiro do Conanda. “O Conselho entende que já não é mais possível fazer políticas de promoção dos direitos de crianças e adolescentes sem a participação deles”, acrescenta Alexandre, conselheiro do Conanda. Isso ganhou maiores dimensões com a elaboração e a aprovação, em abril, do Plano Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes. O documento tem uma seção específica sobre o tema e traz decisões que incentivam a “participação organizada e a expressão livre de crianças e adolescentes”. MobilizaçãoA garantia da participação de crianças e adolescentes fica por conta dos Conselhos Municipais e Estaduais dos Direitos, que devem incluí-los nas etapas anteriores à Conferência Nacional. Segundo Alexandre, “ o Conanda vai mobilizar, conscientizar e orientar os Conselhos Estaduais que, por sua vez, devem passar as informações para os municípios. Contamos com o empenho de todos os conselheiros para que incentivem os adolescentes a participar dos eventos”. Para Miriam Abramovay, coordenadora da Área de Juventude e Políticas Públicas da FLACSO (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais), “ a resolução é fenomenal. Mas o incentivo não deve partir somente dos conselhos dos direitos. O tema deve ser abordado em escolas, ONGs e até em instituições de cumprimento de medidas socioeducativas. Quanto mais o assunto for divulgado, mais crianças e adolescentes vão querer se informar e participar”. ProtagonismoHá quem diga que crianças e adolescentes são desmotivados e que não se interessam pela garantia de seus direitos. “Nós temos idéias adultocratas. Exigimos deles que atuem por um modelo de participação de 30, 40 anos atrás. Mas precisamos entender que, mesmo não indo às ruas, eles participam. Acabei de voltar de uma conferência que contou com a presença de mais de 600 jovens. Isso mostra que eles estão preocupados com a realidade em que vivem, com o futuro. E com adolescentes isso não é diferente”, conta Miriam. Um exemplo de protagonismo juvenil é a atuação de Márcia Almeida Lima da Silva. Hoje com 16 anos, a adolescente já participou de duas Conferências Municipais realizadas pelo CMDCA de São Paulo, onde mora. “Quando cheguei ao abrigo, precisavam de um adolescente que conhecesse o ECA para participar de uma reunião representando o abrigo. Como eu já tinha aprendido sobre o Estatuto na escola, fui selecionada. Nesse evento houve uma eleição e eu fui escolhida como delegada para a primeira Conferência do CMDCA que participei”, conta, animada. Para a jovem, debater os direitos que não são colocados em prática e tentar fazê-los funcionar é muito prazeroso. “Se o ECA existe para nos ajudar, temos que fazer de tudo para que as suas diretrizes sejam respeitadas e colocadas em prática. Além disso, gosto de falar sobre isso para amigos do abrigo e da escola. Quando a gente sabe dos nossos direitos, a gente pode lutar para garanti-los”. Sobre o futuro, Márcia já tem a resposta na ponta da língua: “Vou continuar participando das conferências e estudando. Quero me formar em direito e ser juíza da Vara da Infância e da Juventude. Assim vou poder ajudar crianças e adolescentes que tiveram direitos violados”. Notícia atualizada em 24/08/2011 no http://www.promenino.org.br/ |
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Diálogos Criativos
Segunda-feira 29/08 – 18:00 hs. - AUDITÓRIO DA LIVRARIA SICILIANO
Facilitadores: Epitácio de Andrade Filho - Psiquiatra e pesquisador; João Batista de Moura - Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN); Geraldo Barbosa de Oliveira Júnior - Antropólogo; Emanoel Amaral - Jornalista e pesquisador; Vicente Serejo - Jornalista.
Encontro: Lançamento do livro A SAGA DOS LIMÕES: NEGRITUDE NO ENFRENTAMENTO AO CANGAÇO DE JESUÍNO BRILHANTE de Epitácio de Andrade Filho e mesa redonda sobre o tema.
As falas serão intercaladas por apresentações ao vivo de dois músicos potiguares, que interpretarão clássicos instrumentais da tradição sertaneja. Após o diálogo no Auditório, o autor realizará sessão de autógrafos na parte de baixo da Livraria Siciliano. Postado por Antonino Condorelli às 19:37
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Diálogos Criativos
Quarta-feira 24/08 – 19:30 hs. - AUDITÓRIO DA LIVRARIA SICILIANO
Encontro: WORKSHOP DE CANTOS HARMÔNICOS
Encontro: WORKSHOP DE CANTOS HARMÔNICOS
Oficina dirigida a todas as pessoas que desejarem conhecer suas vozes e se tornarem alertas para a influência do canto harmônico sobre seu corpo, mente e coração. Com um método de trabalho baseado na filosofía budista, a musicoterapeuta belga convidada utiliza o canto harmônico como um instrumento para ajudar as pessoas a se conectarem consigo mesmas e com os outros.
A musicoterapeuta belga Katelijn Vanhoutte
Facilitadora: Katelijn Vanhoutte - Musicoterapeuta belga em visita especial ao Brasil
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Jornal do Brasil discute o uso de Ritalina para reverter problemas no sistema educacional.
O aumento do consumo de Ritalina na rede municipal de saúde de São Paulo não é pontual. O Brasil é o segundo país que mais utiliza o Cloridrato de Metilfenidato (princípio ativo do medicamento), perdendo apenas para os Estados Unidos, destaca a representante do Conselho Federal de Psicologia, Marilene Proença. A substância é adotada no tratamento de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Não são poucas as hipóteses levantadas para explicar esse crescimento. Na avaliação de Marilene Proença, a Ritalina, apelidada pelos críticos de "droga da obediência", tem sido adotada como subterfúgio para escamotear falhas no sistema educacional.
- Estamos tendo uma precarização da qualidade do ensino oferecido para alunos na fase de alfabetização. Se a criança não está atenta na escola, se não está escrevendo corretamente como deveria, isso é um problema educacional, pedagógico. Quer dizer que não estamos conseguindo dar conta de uma alfabetização adequada. Mas de repente, há uma epidemia de crianças que não prestam atenção? Não faz sentido. Nasceu uma geração que não presta atenção? A geração anterior prestava e a atual não presta? - indaga Marilene, que também é membro da diretoria da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional.
- Consideram que o fato de o aluno não aprender não tem a ver com a questão pedagógica, mas é um problema dele, como se fosse algo orgânico que tivesse dificultando a aprendizagem. A mudança de comportamento estaria sendo feita pela medicação, e não por uma pedagogia adequada - completa.
Já para a professora titular do Departamento de Pediatria da Unicamp, Maria Aparecida Moysés, há uma tentativa de "abafamento dos questionamentos".
- Ritalina e Concerta (também tem o Metilfenidato como príncipio ativo) estão sendo prescritos para crianças que incomodam. Existe uma pressão da indústria farmacêutica, mas creio que há também o ideário de um abafamento de questionamentos, de normalização das pessoas. Todos homogêneos. Pode ser que não seja esse o objetivo, mas é o que acaba acontecendo, porque toda criança que questiona tem TDAH. Você medica e aborta o questionamento. Estamos cada vez mais usando remédio para tudo. Não há mais gente triste. Há gente deprimida. A tristeza incomoda. Te mandam tomar um Prozac. A vida está sendo retirada de cena, porque é irregular, caótica, tem altos e baixos, diferenças. O que está acontecendo é que quem não se submete é quimicamente assujeitado.
Quadro nacional
De acordo com a representante do Conselho Federal de Psicologia, Marilene Proença, os conselhos regionais da categoria irão promover ações locais para "levantar a problemática em seus estados".
- Até novembro, esperamos ter um quadro nacional - afirma.
Dados do Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos mostram que de 2000 a 2008, a venda de caixas de metilfenidato saltou de 71 mil para 1.147.000, um aumento de e 1.615%. Os números não consideram receitas de medicamentos manipulados ou comprados pelo poder público.
A comercialização da Ritalina é regulada pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Embora o medicamento - classificado no anexo da Portaria 344/98, na lista das substâncias psicotrópicas -, só possa ser adquirido com receita especial, é fácil consegui-lo clandestinamente. Uma breve busca pela internet revela que não são esporádicas as ofertas da droga.
Relatório do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC) da Anvisa de 2009 - dado mais atualizado da entidade sobre o metilfenidato - destacou que há vários estudos e questionamentos quanto ao uso massivo e efeitos secundários da substância, "pois sua utilização já está ocorrendo entre empresários, estudantes, para emagrecimento e até em uso recreacional na forma triturada como pó ou diluído em água para ser injetado".
O relatório informa ainda que a maior preocupação em relação ao Cloridrato de Metilfenidato está, na verdade, relacionada ao seu "mau uso", e não à utilização da substância nos casos de TDAH. Mas pondera ao ressaltar que o medicamento não é indicado para todos os pacientes da doença. O documento acrescenta :
- Segundo estudo publicado em 2009, somente entre 2002 e 2006, a produção brasileira de metilfenidato cresceu 465 por cento. Sua vinculação ao diagnóstico de TDAH tem sido fator predominante de justificativa para tal crescimento. Mas os discursos que circulam em torno do tema e legitimam seu uso também contribuem para o avanço nas vendas.
A psicoterapeuta Cacilda Amorim, do Instituto Paulista de Déficit de Atenção (IPDA), ressalta que as exigências do mercado de trabalho têm provocado aumento na procura por estimulantes cognitivos.
-Hoje, existe uma pressão muito grande para o desempenho de qualidade, principalmente em adultos, em situações de trabalho que não garantem as condições mínimas para que isso seja possível. Em qualquer área, a quantidade de coisas que se espera que a pessoa faça, aprenda, desenvolva. Se não desenvolver, ela se sente inadequada.
"zombie like"
Crítica implacável do traramento com Ritalina, a professora da Unicamp, Maria Aparecida Moysés afirma que a aparente calma promovida pela droga em crianças não é efeito terapêutico, mas "sinal de toxicidade".
- Tem o mesmo mecanismo de ação das anfetaminas e a cocaína. Ele é um derivado de anfetamina. É essa a complicação. Ele age aumentando a concentração de dopamina nas sinapses. A dopamina é um neurotransmissor associado às sensações de prazer. Não é todo mundo que fica mais concentrado. Em torno de 40, 50% ficam mais focado, que é o efeito da anfetamina e da cocaína. Mas foca a atenção no que passar na frente, não necessariamente nos estudos.
Segundo ela, as reações adversas acontecem em todo os órgãos.
- No sistema nervoso central, você tem psicose, alucinação, suicídio, que não é desprezível, cefáleia, sonolência, insônia. Um dos mais importante é um efeito que, em farmacologia, é chamado de "zombie like". A pessoa fica contida em si mesma. Passa a agir como se estivesse amarrada. No sistema cardiovascular, por exemplo, os efeitos são hipertensão, arritmia, taquicardia, parada cardíaca. É uma droga perigosa. Eu não daria para um filho meu.
Postado por Ana Cláudia Barros. Jornal do Brasil.
Não são poucas as hipóteses levantadas para explicar esse crescimento. Na avaliação de Marilene Proença, a Ritalina, apelidada pelos críticos de "droga da obediência", tem sido adotada como subterfúgio para escamotear falhas no sistema educacional.
- Estamos tendo uma precarização da qualidade do ensino oferecido para alunos na fase de alfabetização. Se a criança não está atenta na escola, se não está escrevendo corretamente como deveria, isso é um problema educacional, pedagógico. Quer dizer que não estamos conseguindo dar conta de uma alfabetização adequada. Mas de repente, há uma epidemia de crianças que não prestam atenção? Não faz sentido. Nasceu uma geração que não presta atenção? A geração anterior prestava e a atual não presta? - indaga Marilene, que também é membro da diretoria da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional.
- Consideram que o fato de o aluno não aprender não tem a ver com a questão pedagógica, mas é um problema dele, como se fosse algo orgânico que tivesse dificultando a aprendizagem. A mudança de comportamento estaria sendo feita pela medicação, e não por uma pedagogia adequada - completa.
Já para a professora titular do Departamento de Pediatria da Unicamp, Maria Aparecida Moysés, há uma tentativa de "abafamento dos questionamentos".
- Ritalina e Concerta (também tem o Metilfenidato como príncipio ativo) estão sendo prescritos para crianças que incomodam. Existe uma pressão da indústria farmacêutica, mas creio que há também o ideário de um abafamento de questionamentos, de normalização das pessoas. Todos homogêneos. Pode ser que não seja esse o objetivo, mas é o que acaba acontecendo, porque toda criança que questiona tem TDAH. Você medica e aborta o questionamento. Estamos cada vez mais usando remédio para tudo. Não há mais gente triste. Há gente deprimida. A tristeza incomoda. Te mandam tomar um Prozac. A vida está sendo retirada de cena, porque é irregular, caótica, tem altos e baixos, diferenças. O que está acontecendo é que quem não se submete é quimicamente assujeitado.
Quadro nacional
De acordo com a representante do Conselho Federal de Psicologia, Marilene Proença, os conselhos regionais da categoria irão promover ações locais para "levantar a problemática em seus estados".
- Até novembro, esperamos ter um quadro nacional - afirma.
Dados do Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos mostram que de 2000 a 2008, a venda de caixas de metilfenidato saltou de 71 mil para 1.147.000, um aumento de e 1.615%. Os números não consideram receitas de medicamentos manipulados ou comprados pelo poder público.
A comercialização da Ritalina é regulada pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Embora o medicamento - classificado no anexo da Portaria 344/98, na lista das substâncias psicotrópicas -, só possa ser adquirido com receita especial, é fácil consegui-lo clandestinamente. Uma breve busca pela internet revela que não são esporádicas as ofertas da droga.
Relatório do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC) da Anvisa de 2009 - dado mais atualizado da entidade sobre o metilfenidato - destacou que há vários estudos e questionamentos quanto ao uso massivo e efeitos secundários da substância, "pois sua utilização já está ocorrendo entre empresários, estudantes, para emagrecimento e até em uso recreacional na forma triturada como pó ou diluído em água para ser injetado".
O relatório informa ainda que a maior preocupação em relação ao Cloridrato de Metilfenidato está, na verdade, relacionada ao seu "mau uso", e não à utilização da substância nos casos de TDAH. Mas pondera ao ressaltar que o medicamento não é indicado para todos os pacientes da doença. O documento acrescenta :
- Segundo estudo publicado em 2009, somente entre 2002 e 2006, a produção brasileira de metilfenidato cresceu 465 por cento. Sua vinculação ao diagnóstico de TDAH tem sido fator predominante de justificativa para tal crescimento. Mas os discursos que circulam em torno do tema e legitimam seu uso também contribuem para o avanço nas vendas.
A psicoterapeuta Cacilda Amorim, do Instituto Paulista de Déficit de Atenção (IPDA), ressalta que as exigências do mercado de trabalho têm provocado aumento na procura por estimulantes cognitivos.
-Hoje, existe uma pressão muito grande para o desempenho de qualidade, principalmente em adultos, em situações de trabalho que não garantem as condições mínimas para que isso seja possível. Em qualquer área, a quantidade de coisas que se espera que a pessoa faça, aprenda, desenvolva. Se não desenvolver, ela se sente inadequada.
"zombie like"
Crítica implacável do traramento com Ritalina, a professora da Unicamp, Maria Aparecida Moysés afirma que a aparente calma promovida pela droga em crianças não é efeito terapêutico, mas "sinal de toxicidade".
- Tem o mesmo mecanismo de ação das anfetaminas e a cocaína. Ele é um derivado de anfetamina. É essa a complicação. Ele age aumentando a concentração de dopamina nas sinapses. A dopamina é um neurotransmissor associado às sensações de prazer. Não é todo mundo que fica mais concentrado. Em torno de 40, 50% ficam mais focado, que é o efeito da anfetamina e da cocaína. Mas foca a atenção no que passar na frente, não necessariamente nos estudos.
Segundo ela, as reações adversas acontecem em todo os órgãos.
- No sistema nervoso central, você tem psicose, alucinação, suicídio, que não é desprezível, cefáleia, sonolência, insônia. Um dos mais importante é um efeito que, em farmacologia, é chamado de "zombie like". A pessoa fica contida em si mesma. Passa a agir como se estivesse amarrada. No sistema cardiovascular, por exemplo, os efeitos são hipertensão, arritmia, taquicardia, parada cardíaca. É uma droga perigosa. Eu não daria para um filho meu.
Postado por Ana Cláudia Barros. Jornal do Brasil.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
A Mneme - Revista de Humanidades (UFRN-CERES)acaba de publicar os número 28 e 29
(Dossiê: Religião e religiosidade) em
http://www.periodicos.ufrn.br/ojs/index.php/mneme.
Basta navegar no sumário da revista para acessar os artigos e itens de interesse.
(Dossiê: Religião e religiosidade) em
http://www.periodicos.ufrn.br/ojs/index.php/mneme.
Basta navegar no sumário da revista para acessar os artigos e itens de interesse.
Assinar:
Postagens (Atom)
-
Alguns filmes e documentários tratam um pouco sobre a memória eidética. Porém, você sabe o que ela é? A memória eidética, também chama...