sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Competências Socioemocionais na Escola

A inteligência emocional e social foi de certa forma traduzida para o ambiente escolar como competências socioemocionais. Você provavelmente já ouviu falar deste termo. Esse termo ganhou força nos últimos anos com o debate capitaneado pelo Instituto Ayrton Senna e agora pela organização criada por ele, o EduLab21. Essas competências possuem várias denominações no mundo da educação e podem, portanto, ser consideradas sinônimos: competências para o Século XXI, competências socioemocionais, competências não cognitivas, competências para a vida. Independente de variações entre elas e dos conceitos que as envolvem, essas competências foram estudadas com base em pesquisas nas áreas de educação, psicologia, pedagogia e andragogia, neurociência, economia e outras ciências. O interesse maior desse conjunto de conhecimento é a busca de soluções para preparar as crianças e os jovens para suas vidas.
 
Conforme o CASEL, The Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning, a aprendizagem de habilidades socioemocionais é uma das estratégias mais significativas para promover sucesso acadêmico e reformas escolares eficazes. Pesquisas descobriram que a aprendizagem socioemocional melhora resultados acadêmicos, ajuda alunos a desenvolver autocontrole, melhora as relações da escola com a comunidade, reduz os conflitos entre os alunos, mantém o controle e a gestão da sala de aula e ajuda os jovens a serem mais saudáveis e bem sucedidos na escola e na vida. Portanto, possui resultados também de longo prazo.
 
Dentre alguns resultados de pesquisas, alguns dos mais interessantes sobre crianças que participam de programas de aprendizagem socioemocional em escolas, estão os estudos longitudinais. Esses estudos comprovam resultados em todos os anos escolares, contextos sociais e tipos de escolas. Os resultados mostram que 23% dos alunos apresentam melhoria em habilidades socioemocionais, 9% de melhoria em atitudes frente a escola, família e outras pessoas de seu convívio, 9% de melhoria em comportamento social e 11% melhoria em testes acadêmicos. Esses benefícios são acompanhados de 9% a menos de problemas de comportamento, e 10% de redução em distúrbios emocionais. Além disso, os pesquisadores identificaram a redução de fatores de risco em várias áreas da vida de uma criança, envolvimento em problemas como violência, delinquência, abuso de substâncias químicas ou a reprovação escolar.
 
 
A discussão atual do desenvolvimento das competências socioemocionais está focada nas crianças. Mas além das crianças, o processo educacional e de desenvolvimento de um aluno envolve muitos outros atores. Os adultos são peças fundamentais nesse quebra-cabeça que é a formação de um indivíduo para a vida. Tanto os pais e responsáveis quanto os professores, gestores e coordenadores da escola são fundamentais na vida de qualquer criança. E como as pessoas estão em constante evolução, a conceituação de eterno aprendiz configura-se adequada para este texto. Estamos buscando desenvolver nas crianças, competências que os adultos não foram ensinados. Pelo menos, não de forma declarada, explícita e estruturada em forma de currículo. Uma vez que essas competências não são geralmente ensinadas em cursos obrigatórios de desenvolvimento profissional ou programas de preparação de professores, não podemos assumir que todos os educadores têm em igualdade essas competências. Algumas dessas habilidades podem vir naturalmente para alguns professores, enquanto outros podem exigir mais atenção e desenvolvimento adicional. Como nossos alunos, todos nós temos forças - e alguns desafios pela frente!
 
Conhecemos a realidade dos professores e professoras. Os educadores vêm para o ensino com sonhos de mudar as probabilidades para crianças desfavorecidas, inspirando-as e fazendo delas o melhor que elas podem ser. Infelizmente, pesquisas mostram que entre 40% e 50% dos professores abandonarão a sala de aula em seus cinco primeiros anos de profissão. O estresse entre os professores atingiu níveis sem precedentes e, de acordo com a uma pesquisa nos EUA, mais de metade dos professores relataram "grande estresse, pelo menos, alguns dias por semana".
 
Ensinar é uma prática emocional, e os professores precisam de apoio no fortalecimento de suas habilidades sociais e emocionais para gerenciar o estresse que vem com o longo período na docência. Como exigir que os professores ensinem essas habilidades, se reconectem com seu propósito, sem antes cuidar de si mesmos?
 
Aqui, torna-se fundamental falar sobre a saúde emocional de nossos professores e professoras. As competências sociais e emocionais são fundamentais para evitar o esgotamento e aumentar o bem-estar do professor. Desenvolvê-las é prevenir e proteger o docente. Ser capaz de se conectar com nossas próprias emoções e sentimentos antes de reagir ao mau comportamento do aluno, por exemplo, e encontrar maneiras de relaxar depois de um dia atarefado ou ainda, identificar nossas motivações internas, são maneiras de usar nossa inteligência emocional para nos sentirmos melhores com o mundo ao nosso redor e com nós mesmos.
 
Pesquisas descobriram que os alunos aprendem melhor em ambientes seguros e propícios. O mesmo se aplica aos adultos. Se o seu ambiente de trabalho está cheio de fofocas e reclamações, com um clima negativo e pesado, você tenderá a exibir comportamentos mais negativos. Se você trabalha em uma escola com clima acolhedor, você estará mais inclinado a gerenciar o estresse com sucesso e pedir ou oferecer ajuda quando achar necessário.
 
E como nós poderemos trabalhar para influenciarmos o ambiente escolar e sermos exemplos para nossos alunos? E ainda melhorar nossa qualidade de vida? Para responder essas perguntas, proponho um diálogo aberto com todos os leitores e leitoras deste artigo. Comente aqui o que você faz no seu dia-a-dia para ter uma escola com melhor ambiente de trabalho.
 
Por Tonia Casarin/Rioeduca.net

Nenhum comentário:

Postar um comentário