domingo, 23 de abril de 2017

Esqueça o mandarim: a língua mais falada do mundo é terpene

Pesquisadores descobriram que micro-organismos se comunicam por meio do terpene: o idioma dos aromas.

Terpene. Essa é a língua mais falada do mundo. Praticamente em todos os lugares que você já foi , sempre tinha alguém a falando. Na verdade, o mais provável é que estejam falando agora, do seu ladinho. Mas não estranhe, não dá pra você ouvir – até porque ele não se baseia em sons. Cientistas holandeses acabaram de descobrir que esse é o nome da língua usada por fungos e bactérias, que conversam a todo momento, usando cheiros.
Acontece todo dia, toda hora, em todo lugar. As bactérias que estão no seu celular estão conversando entre si. Mas em uma espécie primitiva de linguagem de Libras, em que os sinais são aromas, liberados pelos micro-organismos para que possam trocar informações. Os cientistas chamam esse processo de comunicação química, que nós humanos também temos, usando na forma de feromônios (o famoso cheiro que faz com que nos sintamos atraídos uns pelos outros).
Mas quando se trata na escala microscópica, a ideia é menos sexo e mais localização. Os pequenos seres utilizam o terpene como uma forma de sinalizador, com o qual indicam para os outros onde estão. E não é só um sinal. Funciona de fato como uma conversa, já que, quando outro ser vivo percebe o aroma, ele também libera uma porção de terpene no ambiente. É um bate papo olfativo.
Já se sabia que o terpene era usado na comunicação entre plantas e insetos, por exemplo. A grande sacada dos pesquisadores do Instituto Holandês de Tecnologia, uma instituição governamental, foi descobrir que os aromas também têm uma utilidade entre diferentes espécies de seres microscópicos. Eles conseguiram registrar uma troca de terpenes feita entre uma bactéria e um fungo. “A Serratia, uma bactéria presente na sujeira, consegue perceber os terpenes produzido por um fungo Fusarium. A bactéria, então, se move por aquela região, produzindo seu próprio terpene” explica, em comunicado, Paolina Garbeva, microbiologista no Insituto e responsável pelo projeto. Na prática, funciona como um “oi, estou por aqui” . Com esse tipo de ferramenta, os grupos podem interagir entre si.
A descoberta ajuda a entender como funcionam as comunicações dos seres que não conseguimos ver a olho nu, e o ambiente que nos cerca em geral. Além disso, ressaltou que esse sistema é muito mais usado do que era imaginado.
Só para ter uma ideia, em todo o planeta temos cerca de um bilhão de pessoas que falam mandarim – conseguimos o mesmo número de falantes de terpene em um grama de sujeira. Chora, China.
Por Felipe Germano/Superinteressante

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